6 de agosto de 2008

Qual será seu futuro na Universidade?

A projeção de nossas vidas tendo em vistas um futuro melhor é parte constituinte da essência humana. A juventude, por sua vez, caracteriza-se por ser o ápice do desejo de mudanças, pelos sonhos de uma vida melhor.

Dentro deste contexto, cabe levantarmos algumas questões. Qual o real propósito de sua tentativa de entrada numa universidade pública? O que você espera desta universidade caso consiga passar no exame vestibular? Com relação ao curso selecionado, quais são as suas motivações para a área escolhida? Como você pretende se colocar diante da sociedade após a sua formação?

Certamente você deve ter se preparado para realizar o exame vestibular. No entanto, qual foi a verdadeira relevância do conteúdo aprendido nesta preparação, que foi lhe imputado visando pura e simplesmente o seu treinamento, muitas vezes sem nenhum tipo de reflexão? É importante ressaltar que, antes mesmo da sua entrada na universidade, a sua função enquanto ser pensante é parcialmente mutilada. Essa diversidade de ensinamentos proferidos ao longo de extensos anos de estudos, por fim colocam os estudantes como meros indivíduos disformes, numa razão mercantil uniforme, cujo fim último chama-se vestibular. O vestibulando, bem treinado e alimentado torna-se um autômato, esquecendo-se daquilo que realmente o torna humano: a sua capacidade de reflexão e escolha.

O mito recorrente de que na universidade tudo será diferente se revela falso. O fim ultimo passa a ser a inserção no mercado de trabalho. Ao invés de um espaço de desenvolvimento das verdadeiras potencialidades humanas, vemos uma capacitação para melhor vender o trabalho alienado. Se você acredita que seu futuro poderá ser melhor, convêm avisarmos: dentro da atual lógica mercantil, seu destino já está fadado. Um quadro na parede, um titulo, um emprego, uma casa própria, um bom carro e a eterna angústia de possuir apenas a liberdade de escolha para consumir e ser consumido. A universidade não gera conhecimento autônomo, visto que as pesquisas e a maioria das produções acadêmicas, de modo geral, estão voltadas para a manutenção de um sistema perverso que caminha para autodestruição humana: o esgotamento dos recursos naturais conjuntamente ao niilismo no qual se encontram os seres humanos tornaram-se os verdadeiros precursores deste abismo existencial, que se apega ao consumismo inveterado ao invés de repensar quais as possíveis soluções diante tal colapso.

Enquanto a sociedade clama por mudanças, a universidade se cala em seu academicismo. O privado se confunde com o público. Funciona como ponte de ligação entre o vestibular e o bom emprego. Enquanto isso, a sociedade, que mantêm o funcionamento da universidade, tornou-se simplesmente um espaço de exploração para a livre iniciativa (a livre competição do aniquilamento), num conflito que coloca todos contra todos e determina que somente os mais aptos se sobressairão.

A todos os que foram selecionados por meio desse darwinismo acadêmico, cabe dizer: a sua tão almejada liberdade limitar-se-á ao pequeno leque de opções que o sistema irá lhe impor. (Se preferir, lute por mudanças!)

2 comentários:

André Mendonça disse...

Sim, sim....
tudo isso que o texto disse é a mais pura verdade.
Mas de nada adianta querermos mudar o todo e de uma vez como foi proposto no fim do texto.
Eu particularmente, estudante da UFOP, entrei com plena consciência de tudo isso.
Mas sou diferente, quero mudar as coisas a minha volta eprocuro não viver nesse mundo cheo desses defeitos citados. Pra mim, essa é a proposta masi adequada.

Leo F Reis disse...

E aí dezão,
O texto disse verdades, mas disse somente para buscarmos mudanças. Concordo que uma mudança individual faz diferença e serve de exemplo para que outros a sigam, mas será que é o suficiente? Talvez seja esse o ponto. Buscamos entender e agir ao máximo, mas acho que devemos instigar, também ao máximo, que os outros busquem isso.