30 de junho de 2008

100 cores. Sem placas


A casa dos rituais atravessa as décadas
pública pouco pública,
publica mais uma aversão
.
Soberba, retiro da porta o nome sagrado
da casa profana.
Não suporto cores.
Sou dono da rua
Direita é a vida dos que não se misturam.
.
Meu preconceito bate no peito esclarecido.
A diversidade de cores comove o céu de onde elas vêm,
mas aqui só existe a cor macha.
Somos federais
Somos maiorais
da cidade
da universidade somos os mais tradicionais
e não queremos ruptura.
.
As pedras das ruas são nossas,
nelas desfilamos nossas alegrias.
.
As pedras das ruas não são dos alegres
no seu dia de orgulho e alegorias.
.
O pedregulho que é esta cidade
tem de gritar na ausência de profetas
o fim da vergonha que atravessa o século
orgulhoso da tecnociência.
.
As marginalizações tatuadas na história
falam do quanto a pedra é dura,
mas penetrável.
.
A república federativa das delícias esconde o nome,
deixa de ser país em nome do medo,
não quer acolher os cem nomes
que protestam o direito feliz
de diversamente amar
diversamente mudar
as coisas e fobias.
--.
deivid junio.

23 de junho de 2008

Paradigma do para-além


A revolução gira o corpo em volta de si mesma. Tonta-de-tanto rodopiar, não consegue manter-se em pé. A Revolução Francesa, a involução que ainda persiste. A revolução copernicana, o homem como o centro narcísico do universo. A revolução cientifica, a reprodução estética em série de coisas com o aspecto diferente e conteúdo indiferente. As revoluções "artísticas", a exigência pelo novo que acabou por tornar-se o velho e mesmo novo de sempre. Roda-roda revolução, nesta brincadeira nauseante. O tempo é a roda que nos faz dar voltas no (i)limitado anel da vida. O suor é em vão. Todo coração é uma célula paralisada.
O pH da vida, dir-se-á básico: nascer, crescer, reproduzir (às vezes) e morrer. O ácido graxo tomou o lugar do ácido lisérgico: a psicobulimia expulsou a psicodelia. Gira-gira revolução. Quantas voltas de carro, quantas voltas no shopping, quantas voltas no parque, quantas voltas são necessárias para ficar estonteado? A linha sem-graça é o disfarce que o círculo veste para fazer da vida uma falsa progressão.
Enquanto o ser humano dá cambalhotas na beira do abismo, a sua re-evolução nunca veio a ser, nunca teve faísca. Espera o seu início enquanto o homem se alimenta das revoluções por minuto de um motor que recolhe toda a sua energia num suicídio cotidiano contra o tempo, que se sabe implacável. Para onde foi a desobediência? Se a encontrarem, peçam-lhe que volte logo e lhe digam que há muito por fazer.

22 de junho de 2008

Monumento à

Ouro Preto, uma vila que não é rica somente em seu aspecto mineralógico, mas também na acumulação continua da ganância exploratória. Denominada o patrimônio histórico e cultural da humanidade, a cidade de Ouro Preto carrega no bojo dessa denominação o fruto de uma contradição que ainda é negligenciada: “Nunca houve um monumento da cultura que não fosse também um monumento da barbárie”.
O erro de nos servimos do conceito histórico de progresso, seguindo a tendência liberalista, é o de que ele leva em consideração unicamente a progressão infinita, rumo ao futuro, soterrando um passado que ainda é presente e que clama por auxílio. O espírito universal se apresenta a nós como um desarticulado amontoado de momentos, cuja obsessão é tão-somente a de acumular fatos.
O que se torna mais assombroso não são somente os fatos já ocorridos durante a exploração do ouro em Vila Rica, mas saber que eles “ainda” sejam possíveis. A transmissão dos dominadores ocorreu silenciosa, e os atuais “vencedores” servem-se de suas heranças para continuar a “espezinhar os corpos daqueles que estão prostrados no chão”. Atualmente, o ciclo de exploração da grande indústria metalúrgica ocupa o mesmo lugar que antes o governo colonial assumira, ou seja, a extração acentuada para manter a sua própria ganância. A característica principal das multinacionais aqui instaladas não parece ser outro senão deixar-nos a fumaça degradante que se confunde com a névoa noturna de Ouro Preto, além das imensas crateras, que se tornaram também as imagens cristalizadas da exploração de um lucro cujo objetivo é o de alimentar os fartos corpos da cobiça.
A população de Ouro Preto em sua maioria é herdeira das explorações outrora ocorridas no período de escravidão. O ouro cedeu lugar ao ferro, mas os descendentes dos escravos ainda vêem-se obrigados a vender sua força de trabalho para a indústria mineradora em troca de um salário que reflete o estado de exceção visto tanto nos distritos quanto nas proximidades da cidade de Ouro Preto. A renda média da população pobre permanece muito abaixo do mínimo necessário à manutenção de uma vida realmente sustentável e que dê conta de suprir todos os anseios promotores de uma vida digna ao ser humano. A escravidão, hoje, equivale à troca injusta por um salário que mal atende a questão da sobrevivência.
Por sua vez, a marginalização da população promovida historicamente é também acentuada pelo crescimento urbano não planejado que, aliado ao aspecto geográfico desta região oferece aos olhos nus a paisagem que foge da estilização barroca do centro histórico, qual seja, a das pequenas favelas aos arredores da cidade.
Com relação à política predominante na cidade, a transmissão do coronelismo persiste sobre o lombo daqueles que, por falta de acesso a uma educação adequada, acabam por assimilar inocentemente os restos que lhes são doados. Até mesmo os estudantes de nossa universidade parecem coadunar com a elite vencedora, utilizando-se de práticas assistencialistas com o único intuito de defender seus interesses obscuros.
Ouro Preto tornou-se tão-somente o patrimônio turístico da humanidade enquanto o seu aspecto histórico é silenciado em função de uma banalização, agenciada pela astúcia do turismo, que não promove outra coisa que o entulho de fotos digitais cujo único objetivo é o de registrar compulsivamente momentos inteiramente vazios. Todavia, Ouro Preto deve sim ser entendida como patrimônio histórico da humanidade, mas de uma humanidade que tem como herança um amontoado diverso de explorações que ainda perduram num grito tapado pela mão invisível da história.
Notar os ecos de vozes caladas, reconhecer os apelos do passado, sentir o sopro de ar das gerações anteriores, eis um projeto que traz em si uma nostálgica intenção que não se pode esquivar. O passado nos olha, cabe a nós, por fim, a ele direcionarmos os nossos olhos, basta que o notemos nas faces daqueles que herdaram o fardo do abuso.

12 de junho de 2008

Debate sobre o maio de 68 no IFAC

Nesta sexta-feira, 13/06/2008, às 14h, a professora do Departamento de História (DEHIS) da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Isis Pimentel, irá conduzir no Jardim do Instituto de Artes e Filosofia (IFAC) da Universidade um debate sobre a importância do maio de 68, no segundo encontro promovido pelo projeto Ágora.

O mês de maio de 1968 representou o auge de um momento histórico de intensas transformações políticas, culturais e comportamentais que marcaram a segunda metade do século 20.

O projeto Ágora tem a proposta de promover uma circulação livre de idéias na comunidade acadêmica acerca de diversos temas, na qual espera-se a participação ativa de todo público ouropretano e da região, onde todos os presentes terão a possibilidade de intervir na proposta em discussão.

10 de junho de 2008

Plano Institucional da UFOP no REUNI

Confira num dos endereços a seguir o Plano Institucional da UFOP de adesão ao Programa de Apoio ao Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI) criada pela comissão UFOP/REUNI.

http://www.ufop.br/downloads/JornalUFOP/reuni_09jun2008plusacordometas51.pdf

ou

http://www.ufop.br/index.php?option=com_content&task=view&id=2724&Itemid=196