25 de agosto de 2008


O imaginário daqueles que sonham, cada vez mais, assimilam entidades um tanto quanto peculiares. Através da assimilação do real, novas imagens gradativamente empatam o imaginário, promovendo a sua total banalização por meio de desejos que refletem o conteúdo morto que está por detrás das vitrines. Não é através da razão - ou qualquer outra faculdade do conhecimento - que nós tracejamos a felicidade, mas justamente é através da imaginação que a felicidade tem o seu corpo definido; talvez seja por isso que a garantia de felicidade oferecida pelo consumo de mercadorias sem-vida consiga inserir, dentre os olhos dos que (não)vêem, uma falsa similaridade com aquilo que há tanto é objeto de desejo da imaginação. É preciso atentar para o fato de que a imaginação não pode se comprouver com o alimento prático-imediato que é dado através de merchandises. Esse paliativo é o vício que atrofia a criatividade: se a imaginação se vende à realidade capital, nada é conseguido além do que já se possuía e é enterrada viva a capacidade de transpor o momento vivido. Os olhos passaram a ser os maiores consumidores e a imaginação o grande depósito de imagens-mercadorias. A felicidade tanto nos é imputada quanto a liberdade, que se restringe tão-somente a escolher o produto de uma falsa identificação. A realidade torna-se ainda mais estreita, e a imaginação e os anseios diurnos dificilmente encherão de ar os seus pulmões num mundo que se tornou demasiadamente poluído.

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