4 de julho de 2008

Qualquer maneira de amor vale amar*

11 anos depois da 1ª Parada do Orgulho GLBT do Brasil, em São Paulo, Ouro Preto (MG) desfila, na mesma ocasião da data dedicada mundialmente ao orgulho homossexual, a bandeira Arco-íris sobre suas ruas de pedra.

Com uma programação de três dias (27, 28 e 29 de junho) que privilegiou mais o entretenimento, a balada e a descontração dos shows e de boates montadas especialmente para o evento, e sob o tema “Amor, Liberdade, Respeito à Igualdade Social e Racial”, a Parada propôs poucos debates mas gerou muita discussão e opiniões avessas na população ouropretana e na comunidade universitária, aliás, as duas revelaram-se afinadas em um ponto: o tradicionalismo mofado de preconceitos.

Nos dias que precederam a realização da Parada, eram comuns a desconfiança, o deboche, a curiosidade e a fobia nas conversas que pairavam praças, comércios e bares, esquinas, ônibus, em filas de bancos e nas filas dos restaurantes universitários. Enfim, o evento, por si só, ampliou em pouco tempo um debate que fez cair máscaras ou fez calar opiniões mais tímidas. E “o preconceito bate no peito esclarecido”. .. Algumas repúblicas estudantis federais da Ufop, principalmente aquelas situadas no centro histórico da cidade e, mais ainda, no trajeto da passeata de domingo, famosas por sua tradição e seu carnaval, tiveram a atitude de recolher suas placas de nome e símbolo de suas portas por ocasião do evento. Não queriam se ver exibidas na paisagem da manifestação pelo respeito à diversidade sexual? Pretendiam confirmar visualmente o não envolvimento de seus nomes sagrados na festa das cores? Tiveram medo de aproveitar a alegria do orgulho e, embora fora da época, se entregar ao carnaval, mas do respeito e da paz?

A homofobia está em todos os setores da sociedade, em todas as classes, no meio universitário com seu esclarecimento reivindicado, nos discursos religiosos e culturais, nos processo seletivos do mercado, no olhar preconceituoso da tradição e no interesse do sistema em busca de grupos consumidores. Recordo aqui que, independentemente da sexualidade ou pertencimento a grupo étnico, poder aquisitivo é sinônimo de inclusão neste contexto social capitalista.

O Arco-íris pretende acordar para a necessidade de conciliar todas as cores, as mais diversas, num mesmo compromisso: o respeito às diferenças e o reconhecimento de que aí reside a riqueza da natureza, plena em suas cores e formas, em sua bio-diversidade, em sua perfeita convivência.
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Esperamos da Universidade, lugar privilegiado de diálogo das diversidades e valorização do que realmente é universal, uma política que incentive dentro e fora de seus espaços o cumprimento do respeito à diversidade sexual (gays, lésbicas, bissexuais, transgêneros) , visto que pensamos sair daqui pessoas íntegras e sociais, a serviço de uma sociedade que abarca todas as diferenças possíveis... e nós estamos inseridos nela.
Oxalá, encontremos o caminho!

*O título foi extraído da letra da canção ‘Paula e Bebeto’ de Milton Nascimento e Caetano Veloso
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Deivid Junio - graduando em filosofia/Ufop
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Saiba como tudo começou... 28 de Junho: Dia mundial do orgulho GLBT
por meio do sítio:

2 comentários:

Michelle disse...

Muitas pessoas preconceituosas,criticaram a parada em forma de piadas. Que teriam bem mais graça se não fossem o retrato da ignorância transmitindo a discriminação que lhes foi ensinada desde a infância.
Tiro esse exemplo de dentro da sala de aula, diante das críticas do meu professor de matemática.

Parabéns pelo blog.

Thiago disse...

Muito bom! O blog como um todo, e , claro, vcs autores, e suas idéias admiraveis! Qro poder cversar mais, acho que isso é fundamental pra construirmos mudança!
Abraços e meus parabéns!